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domingo, 24 de outubro de 2010

O método científico - Dedução e indução das variáveis de observação no ensino de ciências e biologia

Por: Carina Raquel Borges Caldas Ferraz
“A ciência é muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos.” (Carl Sagan)

“... ciência consiste em agrupar fatos para que leis gerais ou conclusões possam ser tiradas deles.” (Charles Darwin)

         Desde a sua origem, o homem sempre procurou obter conhecimento sobre os objetos que o cercam, principalmente conhecimento sobre os fenômenos naturais e o ambiente em sua volta. Esse conhecimento primitivo é motivado por algo externo à atividade cognitiva propriamente dita: a necessidade de controle dos fenômenos naturais, com vistas à própria sobrevivência biológica.

          A palavra método vem do grego méthodos, (caminho para chegar a um fim). O método científico é um conjunto de regras básicas para desenvolver uma experiência a fim de produzir novo conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. Na maioria das disciplinas científicas consiste em juntar evidências observáveis, empíricas (ou seja, baseadas apenas na experiência) e mensuráveis e as analisar com o uso da lógica. (WIKIPÉDIA)

          É comum hoje em dia o uso do método científico em várias disciplinas na construção de conhecimento, principalmente nas disciplinas de ciências, biologia, física, química e matemática. Não é novidade falar sobre a utilização de um método para construção de conhecimentos no âmbito escolar. Durante muito tempo, os professores dedicados ao ensino de ciências tomaram, para suas práticas de ensino, as contribuições provenientes de procedimentos que orientavam os cientistas no desenvolvimento de suas pesquisas. Embora nem sempre de modo feliz, em alguns casos, tais procedimentos de pesquisa, pareciam tão eficazes que não se via razão pela qual também não se aplicasse nas práticas escolares. Obviamente foram esses procedimentos ditos científicos que atuaram como legitimadores de uma certa forma de se ensinar ciências. (MARSULO E SILVA, 2005)

           Por trás de qualquer proposta didática de metodologias preocupada com a construção do conhecimento há concepções e idéias mais ou menos formalizadas e explicitadas em relação aos processos de ensinar e aprender. Tais processos encontram-se alicerçados numa concepção de mundo e de ciência, na qual são incorporadas as dimensões teórico-conceituais articuladoras das práticas e das teorias, bem como as metodologias específicas e os procedimentos que se fazem necessários à construção dos conhecimentos. (MARSULO E SILVA, 2005)

           Quanto à metodologia como via de acesso à ciência pressupõe-se a construção de um método a fim de atingir um objetivo, uma meta, conduzindo à busca do conhecimento. No método, se articulam teorias e práticas. "É ele um sumário delas, momento de explicitação dos processos de concepção e condução de determinada prática social". (MARQUES, 1996)

           Hoje, os cientistas e os filósofos preferem falar numa diversidade de métodos, que são determinados pelo tipo de objeto a investigar e pela classe de proposições a descobrir. Considerando esse grande número de métodos, torna-se conveniente classificá-los. Os métodos podem ser classificados em dois grupos: os dos que proporcionam as bases lógicas da investigação científica e o dos que esclarecem acerca de procedimentos técnicos que poderão ser utilizados. Podemos incluir nesse grupo os métodos indutivos e dedutivos.

           O método dedutivo é um método que parte do geral, e desce para o particular. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, em virtude de apenas uma lógica. É o método proposto pelos racionalistas, segundo os quais a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis.

            O seu carro chefe é o silogismo, que consiste numa construção lógica que, a partir de duas preposições chamadas premissas, retiram uma terceira, nelas logicamente implicadas, denominadas de conclusão.

             Uma fez levantada a hipótese, os cientistas fazem uma dedução: prevêem o que poderia acontecer se sua hipótese for verdadeira. Essa dedução é testada mediante novas observações ou experimentações. Isso permite tirar conclusões a respeito das deduções. Se confirmadas, elas são aceitas. Se não confirmadas, são rejeitas e novas deduções são formuladas para serem testadas. É importante esclarecer que, ao se realizarem as experimentações, deve-se trabalhar sempre com um grupo experimental (o grupo em que se promove uma alteração a ser testada, deixando todas as demais condições sem alteração) e um grupo de controle (submetido às condições sem nenhuma alteração). Assim, pode-se testar um fator por vez. Se uma hipótese for confirmada por grande número de experimentações, então ela pode se tornar uma teoria.

            O método dedutivo é muito importante para disciplinas como matemática, física e química, pois possibilita na teoria a realização de experiências impossíveis na prática. Podem-se criar experimentos que na prática são inviáveis tecnicamente ou economicamente. Na engenharia, por exemplo, podem-se criar modelos de estruturas e submetê-las a todo tipo de provas para testar a reação da estrutura que é teórica. Na física a dedução é utilizada para criar leis como a Lei da gravitação universal, que estabelece que “matéria atrai matéria na razão proporcional às massas e ao quadrado da distância”, onde podem ser deduzidas infinitas conclusões, das quais seria muito difícil duvidar. Na Economia têm sido formuladas leis gerais, como leis da oferta e da procura e a lei de rendimentos crescentes.

          Já o método indutivo procede inversamente ao dedutivo, parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares. De acordo com o pensamento indutivo, a generalização é constatada na observação de casos concretos suficientemente confirmadores dessa realidade. Constitui o método proposto pelos empiristas, para os quais o conhecimento é fundamental exclusivamente na experiência, sem levar em consideração os princípios estabelecidos.

          O método indutivo é realizado em três etapas: observação dos fenômenos; descoberta da relação entre eles e generalização da relação. As conclusões obtidas por meio da indução correspondem a uma verdade não obtida nas premissas consideradas. A hipótese é baseada em observações para atingir o conhecimento científico. (CHIBENI, 2006)

          Na verdade, não há um método científico específico como uma receita universal para se fazer ciência. O escopo da ciência é tão amplo e diversificado que, mesmo sem muita pesquisa filosófica, já é de se desconfiar que é quimérica a idéia de um procedimento único, aplicável a todas as áreas. Além disso, está claro para os especialistas que mesmo em domínios mais restritos a investigação científica não é amoldável a nenhum procedimento fixo e explicitável em termos de regras de aplicação automática (CHIBENI, 2006). Os dois métodos têm finalidades diversas. O que irá definir o tipo de método que deverá ser usado é o objeto que será investigado e as proposições que irá ser descobertas.

Referências Bibliográficas

CETEB. Iniciação científica em Ciências e Biologia para os alunos do Ensino Fundamental e Médio. Brasília, 2009.
MARSULO, M. A. G. e SILVA, R. M. G. Os métodos científicos como possibilidade de construção de Conhecimentos no ensino de ciências. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias Vol. 4 Nº 3. Universidade Federal de Uberlândia. Minas Gerais, 2005
WIKIPÉDIA. Método científico. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_cient%C3%ADfico> Acesso em 19 de maio de 2009.
CHIBENI, S. S. Algumas observações sobre o método científico. Departamento de Filosofia – Unicamp. São Paulo, 2006. Disponível em: <www.unicamp.br/~chibeni/texdid/metodocientifico.pdf> Acesso em 19 de maio de 2009.

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